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A necessidade da sensibilização para a Viola Braguesa

Introdução

A música e os instrumentos musicais são de extrema relevância na formação de uma identidade cultural de pertença a um território e a uma sociedade. A música e a cultura associados ao património e a todas as artes constituem o melhor ativo de um povo, o que permite diferenciar-nos e aceitarmo-nos como singulares e autênticos. Um povo que despreza as suas origens, tradições e cultura não tem futuro, será inculto e nunca terá caminho.

É importante que o desenvolvimento de qualquer projeto educativo e de formação cultural esteja alicerçado em bases teóricas que o fundamentem e lhe sirvam de suporte, dando-lhe, em certa medida, justificação e significado.

Os jovens e sobretudo as crianças constituem o mais importante património do futuro, razão pela qual teremos de ter a inteligência e humildade de lhes proporcionar o contacto com as tradições e cultura. Focamo-nos na música e na Viola Braguesa, primeiro cordofone Português com certificado de origem protegido pelo Sistema Nacional de Qualificação e Certificação de Produções Artesanais Tradicionais desde 6 de julho de 2017 (CCCPAT – D. L. n.º 121/2015, de 30 de junho).

Segundo Vasconcelos, “a criança deve aceder a um conjunto alargado de instrumentos, acústicos ou eletrónicos, de boa qualidade de modo a multiplicar as possibilidades da prática instrumental” (2006:10), sendo claras e inequívocas as vantagens da execução instrumental para o desenvolvimento, não só musical como integral, das crianças e jovens.

Nesta perspetiva, no caso concreto de BRAGA, torna-se incontornável a exploração das potencialidades dos cordofones tradicionais minhotos, não só por se tratar de um desafio decorrente do processo de consolidação do ensino da Viola Braguesa nas escolas, mas também por estar de acordo com orientações do Ministério da Educação, expressas num dos quatro organizadores das aprendizagens musicais (Culturas musicais nos contextos) e igualmente pelo facto destes serem instrumentos que possuem um importante papel no que diz respeito à defesa da identidade cultural minhota e bracarense.

O uso dos cordofones tradicionais minhotos, diga-se Viola Braguesa, em contexto de sala de aula assume-se como uma forma de fazer chegar aos alunos conhecimentos relativos à História e identidade regionais, sendo ponto assente que os alunos “devem ter contacto com as atividades musicais existentes na região e a constituição de um repertório de canções do património regional e nacional são referências culturais que a escola deve proporcionar.” (ME, 1998:73).

1º Projeto de Sensibilização à Viola Braguesa 2020

O primeiro projeto de sensibilização à Viola Braguesa, realizado sob tutela da Câmara Municipal de Braga em 2020, revelou-se um sucesso, até certo ponto inesperado. Vivia-se os primeiros tempos da pandemia e tudo indicava virem a surgir muitas dificuldades para o implementar. A situação real demonstrou exatamente o contrário, pois mais de uma centena de jovens e adultos, de 10 Freguesias Uniões de Freguesias do Casco Urbano e Rurais envolveram-se numa dinâmica extraordinária que mobilizou um sentimento de interesse e de pertença muito fortes. Efetivamente resultou numa experiência muito bem conseguida e até despertou a necessidade de abrir novas oportunidades futuras a outros grupos e a outros níveis de aprendizagem.

Nesta 1ª edição os números atingidos, apanharam toda a organização de surpresa dadas as condicionantes que se viviam (estado pandémico) e que se esperava ser uma barreira relevante intransponível. Verificou-se, contudo, exatamente o contrário. Cumpriram-se regras rigorosas de etiqueta e de afastamento com obrigatoriedade de uso de máscara e o resultado foi uma extraordinária surpresa. O projeto foi avançando Freguesia a Freguesia e resultou nos registos que se apresentam.

Dados finais do projeto

10 Sessões de Abertura com performance de Viola Braguesa;
10 Concursos concluídos (107 formandos);
1070 horas de Formação realizadas (horas x formandos);
100 horas de sensibilização sobre Viola Braguesa – Património Cultural;
470 participantes nas sessões de apresentação;
4 Concertos (1 abertura e 3 encerramentos) com 290 participantes;
10 monitores em atividade;
1 Formador sénior;
4 Bases de dados constituídas (Grupos de folclore / Associações Culturais / Escolas de Formação / Tocadores de Viola Braguesa);
29 Reuniões de preparação e organização;
2 Escolas em preparação para assumir curso de Viola Braguesa;
10 Uniões e Freguesia e Freguesias envolvidas no projeto

As Freguesias e Uniões de Freguesias que estiveram envolvidas nesta 1ª Projeto de Sensibilização à Viola Braguesa foram as que se apresentam no apa seguinte. Refira-se que a União de Freguesias de Maximinos, Sé e Cividade e a Freguesia de S. Victor beneficiaram da realização de duas turmas, tal o elevado número de interessados. No mapa a tons de cor azul evidenciam-se as Uniões e Freguesias do casco urbano (Maximinos, Sé e Cividade, S. José de S. Lazaro e S. João do Souto, S. Victor, S. Vicente, Gondizalves e Ferreiros) e a tons de cor verde a Freguesia e União de freguesias da periferia (Priscos e Crespos e Pousada).

Desenvolvimento da Viola Braguesa para 2022

Os resultados do primeiro projeto realizado em 2022, permite estruturar um novo projeto, mais estratégico e consistente. O reforço da Associação dos Amigos da Viola Braguesa (AVIBRA), o nascimento do Movimento Pró-Orquestra da Viola Braguesa já com 10 membros efetivos, o interesse dos fabricantes de Viola Braguesa a operar no Concelho, o interesse das Freguesias em dar continuidade ao projeto inicial e/ou avançar para etapas mais consistentes de ensino, tem formulado a convicção de que existe um espaço efetivo para uma maior dignificação da Viola Braguesa. O desenvolvimento de um projeto mais consistente que considere um âmbito maior de ação. Importa assim considerar:

-Sensibilização à Viola Braguesa, 2ª Edição ampliada e melhorada;

-Preparação de cursos de formação para níveis de continuidade de aprendizagem;

-Lançamento de concurso de composição para obras musicais para Viola Braguesa com o objetivo de obter novos repertórios, consolidando assim as bases necessárias para a projeção de um curso estruturado de Viola Braguesa, reconhecido pelo Ministério da Educação;

-Realização das III Jornadas de Viola Braguesa, onde se reúnam músicos, investigadores, professores e construtores e se debatam assuntos prementes para a dinâmica que se pretende assumir;

-Realização de um Salão de Instrumentos Musicais em Braga, para promover a Viola Braguesa no contexto de um cluster industrial em crescimento no Concelho, atrair uma nova geração de músicos para a realidade da cultura dos cordofones tradicionais bem como abrir uma nova vaga de oportunidades no setor.

2ª Edição do Projeto de Sensibilização à Viola Braguesa 2022

A 2ª Edição constituirá um projeto que terá dois andamentos, o primeiro que seguirá uma filosofia idêntica ao projeto realizado na 1ª Edição e que teve uma excelente adesão e constituiu um sucesso quer local quer nacional. O segundo corresponderá ao lançamento de cursos de iniciação à Viola Braguesa e Cursos de 2º nível para participantes que tenham frequentado a 1ª edição e para participantes que já têm algum contacto com a Viola Braguesa. Ainda neste segundo andamento lançar-se-á um nível de formação mais consolidado para os praticantes de Viola Braguesa com maior domínio do instrumento.

É do interesse da Câmara Municipal de Braga que seja disponibilizado o ensino da Viola Braguesa quer nas Escolas, quer à população em geral que pretenda aprender a tocar este cordofone, pela importância que tem na cultura da região de Braga.

A AVIBRA – Associação dos Amigos da Viola Braguesa, entidade sem fins lucrativos, em parceria com a CMB e as Juntas de Freguesia e Uniões de Freguesias promoverão o ensino musical da Viola Braguesa que se estruturará na realização de:

– Ciclo de 10 cursos de Sensibilização à Viola Braguesa a realizar em Braga e envolvendo 100 formandos/participantes;

– Ciclo de 5 cursos de Iniciação à Viola Braguesa envolvendo 25 formandos/participantes;

– Ciclo de 100 horas de formação para 20 formandos para integrar a Orquestra de Viola Braguesa.